Maudie, sua obra e sua arte.
Gosto de janela… é o todo da vida enquadrado.
(Maudie)
Maud Lewis caminhava trôpega pelas estradas de terra na zona rural de Nova Scotia. Com o movimentos limitados por uma artrite reumatóide, seus dedos eram dolorosamente deformados e o corpo arqueado causava estranhamento na sociedade em que viveu, o que lhe submete a uma vida reclusa e limitada, além de um marido grosseiro e miserável, mas que lhe servia de proteção, em certa medida, diante do medo de ser apedrejada, afinal as pessoas não gostam de quem é diferente.
Protagonizado por Sally Hawkins e Ethan Hawke, a narrativa baseada na vida da artista canadense Maud Lewis comove o espectador ao nos entregar um discurso da arte como o sentido da vida. Assim como ocorreu com os grandes pintores da história, em suas representações de dor e sofrimento, Maudie percorre uma trajetória de preconceito e rejeição.
“Eu pinto tudo da memória, eu não copio muito. Porque eu não vou a lugar nenhum, eu apenas faço meus próprios projetos”
A história triste e dolorida adquire a forma da beleza na mudança de narrativa promovida ao longo do filme. De maneira sutil o marido violento é transformado, mas essa sutileza deve ser percebida e sentida pelo espectador, por isso sem spoiler, ok?
Sugiro prestar atenção no poder de acordar com um travesseiro vazio ao lado.
Maudie é mais que uma cinebiografia, é sobre o lugar da arte em nossa vidas. Sobre a solidão do envelhecer, sobre a força e inteligência feminina e a capacidade humana de superar a dor diante da beleza das pequenas coisas, na transformação da acidez do sofrimento em leveza e doçura da arte.
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